Canabinoides no tratamento do Glaucoma
- Dra. Fernanda Bettanin
- 2 de nov. de 2024
- 3 min de leitura

Sendo a segunda maior causa de cegueira, o glaucoma é uma doença ocular, progressiva e degenerativa, que afeta o nervo óptico. Esse nervo conecta o olho ao cérebro e tem a função de transmitir impulsos visuais. Existem três tipos de glaucoma:
Glaucoma de ângulo aberto: é o tipo mais comum, em que há uma obstrução gradual do sistema de drenagem dos olhos. Não costuma apresentar sintomas até que se perceba uma perda da visão.
Glaucoma de ângulo fechado: caracterizado por um movimento da íris que bloqueia o fluxo de líquidos, aumentando a pressão ocular. Esse tipo apresenta sintomas como dores nos olhos, náuseas e visão embaçada.
Glaucoma secundário: esse tipo aparece como resultado de outra condição médica como uma inflamação ou lesão ocular e até por uso de alguns medicamentos específicos.
Os fatores mais comuns para o surgimento da doença são: idade avançada, espessura da córnea, diabetes, miopia, hipertensão e pré-disposição genética. Apesar de a maioria dos casos não apresentarem sintomas, alguns sinais podem apontar o surgimento da doença: visão em túnel (perda da visão periférica, dificuldade de ver objetos ao redor da visão); dores oculares, visão embaçada e, em alguns casos, ver arco de luz ao redor das luzes.
Para diagnosticar o glaucoma, é possível realizar o teste de pressão intraocular, o exame de campo visual, a tomografia de coerência óptica para ver detalhes do nervo óptico e o exame de retina.
Pela Associação Mundial do Glaucoma, estima-se que cerca de 80 milhões de pessoas no mundo apresentem glaucoma. É importante realizar periodicamente exames como o de retina e o de campo visual para identificação precoce da doença e ter mais chances de tratamento, já que é uma doença degenerativa. E para aqueles que apresentam hipertensão e diabetes, manter essas condições sob controle são fundamentais para a prevenção do glaucoma.
Apesar de existirem tratamentos convencionais, baixar a pressão intraocular ainda é um desafio. O estudo de Miller, et al., publicado na revista Investigative Ophthalmology & Visual Science, testou o uso do canabinoide THC (tetrahidrocanabinol) em camundongos para baixar a pressão intraocular. Uma única dose de THC foi capaz de baixar em 28% a pressão intraocular por 8 horas em camundongos machos. Esse efeito se deu pela ativação combinada dos receptores CB1 e GPR18, presentes no nosso Sistema Endocanabinóide. Foi observado também que o canabinoide CBD (canabidiol) tem o efeito inverso e impede que o THC baixe essa pressão. O CBD pode cauda midríase, que é a dilatação da pupila. Em pacientes com câmara anterior mais estreita, pode acarretar em aumento da pressão intraocular. Portanto, nesses casos é indicado o uso do THC isolado, sem presença do CBD.
Além do THC, outros canabinoides têm mostrado potencial para o tratamento do glaucoma. Uma empresa canadense está realizando estudos pré-clínicos e clínicos que já indicam que o CBN (canabinol) é capaz de reduzir a pressão intraocular e também exercer neuroproteção nas células da retina. A vantagem é que o CBN não é psicoativo, sendo assim melhor tolerado pelos pacientes.
Assim como o CBN, o canabinoide CBG (canabigerol), atua modulando a dor e a inflamação, reduzindo a pressão intraocular e oferecendo neuroproteção. Portanto, esses canabinoides ajudam a controlar a progressão da doença.
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Referências
Miller, et al. Δ9-Tetrahydrocannabinol and Cannabidiol Differentially Regulate Intraocular Pressure. Investigative Ophthalmology & Visual Science, v. 59(15), p. 5904-5911, 2018.
Tomida, et al. Cannabinoids and Glaucoma. British Journal of Ophthalmology, v. 88(5), p. 708-713, 2004.
Colasanti, et al. Intraocular pressure, ocular toxicity and neurotoxicity after administration of cannabinol or cannabigerol. Experimental Eye Research, v. 39, p. 251–259, 1984.
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